OS EFEITOS DE IMPERMEABILIZAR OS SOLOS

 


Athos Stern

Engenheiro, professor aposentado da Ufrgs


AS PREFEITURAS DO LITORAL NORTE ESTÃO CERTAS AO IMPERMEABILIZAR SOLOS, REMOVER AS CASUARINAS E PROCURAREM O ADENSAMENTO POPULACIONAL?

A PREFEITURA MUNICIPAL DE IMBÉ ESTÁ CERTA AO REMOVER TODA A VEGETAÇÃO DA APP – ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (MARGEM ESQUERDA DO RIO TRAMANDAÍ) E

SUBSTITUIR ATÉ O MOMENTO CERCA DE 30% DELA PR BLOCOS DE CONCRETO,

IMPERMEABILIZANDO O SOLO, TORNANDO ESTA ÁREA UMA ILHA DE CALOR?

SERÁ QUE A PREFEITURA MUNICIPAL DE IMBÉ TEM CONHECIMENTO E CAPACIDADE TÉCNICA PARA FAZER O QUE PROMETEU E ATÉ AGORA NÃO CUMPRIU: PLANTAR ESPÉCIES

NATIVAS, PLANTAS FRUTÍFERAS, PLANTAS PAISAGÍSTICAS PARA RECOMPOR A VEGETAÇÃO QUE DESTRUIU?

A PREFEITURA NÃO ESTÁ INDO NA CONTRAMÃO DO QUE OCORRE EM TODO MUNDO, ONDE HÁ UMA PREOCUPAÇÃO CADA VEZ MAIOR COM A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL?


A COMISSÃO EUROPEIA ESTÁ ERRADA AO RECOMENDAR AOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS OPOSTO DO QUE OCORRE NO IMBÉ?


A impermeabilização dos solos pode exercer grandes pressões nos

recursos hídricos e conduzir a alterações no estado ambiental das bacias hidrográficas, que podem AFETAR OS ECOSSISTEMAS E OS SERVIÇOS QUE FORNECEM RELACIONADOS COM A ÁGUA.

Um solo plenamente funcional pode armazenar cerca de 3750 toneladas de

água por hectare ou quase 400 mm de precipitação. A

impermeabilização reduz a quantidade de água da chuva que pode ser

absorvida pelo solo e, em casos extremos, pode impedir totalmente a

absorção. A infiltração da água da chuva nos solos pode aumentar

significativamente o tempo que a água demora a chegar a rios,

REDUZINDO O VOLUME DO CAUDAL MÁXIMO E, POR

CONSEGUINTE, O RISCO DE INUNDAÇÕES (atenuação das cheias

pela paisagem). Grande parte da água contida no solo está disponível

para as plantas, reduzindo a incidência de secas, evitando assim a

necessidade de irrigar e diminuindo os problemas da salinização na

agricultura. Além disso, uma maior infiltração de água pode reduzir a

dependência de instalações de armazenamento artificial (por exemplo

bacias) para recolha nos picos de precipitação. Desta forma, A

CAPACIDADE DO SOLO (E DA VEGETAÇÃO QUE NELE CRESCE)

PARA CONSERVAR A ÁGUA É APROVEITADA PARA ARMAZENAR

TEMPORARIAMENTE ÁGUA EM VEZ DE RECOLHER, CANALIZAR E

TRATAR ÁGUAS DE ESCOAMENTO. Pelo contrário, nas cidades com

um elevado grau de impermeabilização dos solos, o sistema de esgotos

pode PERDER A CAPACIDADE DE SUPORTAR O ELEVADO FLUXO

DE ESCOAMENTO DA ÁGUA, PODENDO CAUSAR INUNDAÇÕES À

SUPERFÍCIE.



ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Um SOLO COM VEGETAÇÃO absorve uma quantidade de chuva muito

maior que um solo coberto com um material impermeável ou semi-impermeável, embora as ÁRVORES INTERCEPTEM muita da água que

cai, que pode evaporar-se antes sequer de atingir o solo. O excedente de

água que não é absorvida ou que só se liberta lentamente através do

solo ou dos aquíferos converte-se em escoamento superficial nas

encostas ou cria lagoas nas bacias hidrográficas.

GRANDES VOLUMES DE ÁGUAS PLUVIAIS CONTAMINADAS NÃO

PODEM SER FILTRADOS PELO SOLO E ACABAM POR

CONTAMINAR RIOS, LAGOS E HABITATS AQUÁTICOS, PARA ALÉM

DE CONTRIBUÍREM PARA INUNDAÇÕES A JUSANTE. Esta situação

está a tornar-se cada vez mais problemática em grandes zonas de solo

impermeabilizado que podem concentrar os poluentes na água.

EVAPOTRANSPIRAÇÃO

A perda de superfície de evaporação e de coberto vegetal provocada

pela impermeabilização dos solos pode, assim, contribuir para ALTERAR

AS CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS LOCAIS e tornar-se num

problema grave em climas áridos.

IMPACTO NA BIODIVERSIDADE

As estruturas lineares de impermeabilização podem atuar como mais

uma FORTE BARREIRA À VIDA SELVAGEM, interrompendo vias de

migração e afetando os habitats. Podem ser mais nocivas que uma

configuração compacta numa superfície plana, por ser mais suscetível de

constituir um obstáculo artificial à migração de organismos. A

fragmentação da paisagem causada pelas estruturas lineares e pela

expansão urbana pode ter outros efeitos negativos, como uma

REDUÇÃO GLOBAL DA DIMENSÃO E PERSISTÊNCIA DE

POPULAÇÕES DE VIDA SELVAGEM, ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS,

AUMENTO DA POLUIÇÃO E DO RUÍDO DO TRÁFEGO,

CONTRIBUINDO PARA AUMENTAR A PERDA DE BIODIVERSIDADE.

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