ASFALTO, MOEDA DE TROCA
ATHOS STERN
Engenheiro, ex-presidente da Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto
Assim como se generalizou, entre os políticos, a crença de que enterrar canos de esgoto não dá voto, cobrir as ruas e avenidas de asfalto se tornou, há décadas, uma forma barata e eficiente de "pavimentar" suas carreiras.
Um dos melhores exemplos é o de Hugo Simões Lagranha (1918 - 2015). Várias vezes prefeito de Canoas, sua maior obra foi asfaltar, uma a uma, quase todas as vias da cidade. Mais de cinco décadas depois, a prefeitura de Tramandaí anuncia um "asfaltaço", e a de Imbé investe preciosos recursos da mesma maneira. Em Porto Alegre, até uma pequena rua calçada com pedras centenárias, localizada em frente ao Santuário de Nossa Senhora das Dores, foi tapada de asfalto, mesmo tombada como patrimônio histórico.
Prefeitos astutos e
sagazes encontram-se em uma posição privilegiada para direcionar as verbas de
manutenção para a pavimentação das ruas, transformando o asfalto em uma espécie
de moeda eleitoral. Eles estão cientes de que o brasileiro tem uma verdadeira
obsessão por deslizar em ruas tão suaves e lisas quanto o veludo, mesmo que
estas sejam impermeáveis e possam trazer consequências ambientais.
Infelizmente, a
maioria dos cidadãos ignora as implicações dessa prática. Eles se deleitam com
a sensação de dirigir em ruas recém-asfaltadas, sem se dar conta de que essa
impermeabilização do solo pode levar a problemas de drenagem e aumentar o risco
de enchentes.
No entanto, a NATUREZA,
em sua sabedoria infinita e indiferença à nossa arrogância e extravagância, tem
sua própria maneira de reagir. Ela simplesmente passa por cima, reafirmando
seu poder e lembrando-nos de que somos apenas uma pequena parte de um
ecossistema muito maior. Portanto, é essencial que tomemos consciência das
consequências de nossas ações e busquemos soluções mais sustentáveis e
respeitosas com o meio ambiente.
Enquanto
isso, Paris tem como meta arrancar 40% do asfalto da
cidade, substituindo-o por verde ou pisos permeáveis. Estão organizando
a “cidade de 15 minutos”, para que o cidadão possa acessar o que
precisar numa caminhada ou pedalando. A bicicleta passou a ser o veículo mais
usado na Cidade Luz. Os automóveis perderam o posto, mas ainda são
vistos em abundância.
PARIS NÃO OS QUER.
O BRASIL OS AMA.
EXISTEM AO REDOR DO
MUNDO CIDADES ADOTANDO MEDIDAS SEMELHANTES?
Sim, muitas cidades ao redor do mundo
estão adotando medidas semelhantes para substituir o asfalto "ASFALTO: A MOEDA DE
TROCA POLÍTICA”!
por superfícies
verdes ou permeáveis. Aqui estão alguns exemplos:
1. Portland, Oregon,
EUA: A cidade de Portland tem um movimento chamado Depave, que
começou com a remoção de asfalto de um quintal e agora já completou 75 projetos
em escolas, igrejas e outros espaços comunitários em toda a cidade. O movimento
Depave se espalhou pelos Estados Unidos e Canadá à medida que o calor
extremo e as inundações relacionadas ao clima fizeram algumas cidades
repensarem a sabedoria de toda essa área de superfície impermeável e absorvente
de calor.
2. Chicago, EUA: Em Chicago, onde
cerca de metade da população vive em áreas onde as temperaturas são pelo menos
oito graus mais altas do que a temperatura base da cidade, um novo capítulo
do Depave foi lançado. Eles estão trabalhando para transformar
o asfalto em infraestrutura verde, começando por um pátio de escola pública
em West Englewood, um bairro de baixa renda no sudoeste de Chicago.
3. Roterdã, Holanda: Roterdã está
trabalhando para transformar o espaço de telhado plano em grandes edifícios
em telhados verdes e azuis.
4. Índia, Indonésia,
Austrália, Escócia: Esses países implementaram com sucesso tecnologias de pavimentação
alternativas, como pavimentos permeáveis.
Essas iniciativas
mostram uma crescente conscientização sobre a necessidade de soluções mais
sustentáveis e respeitosas com o meio ambiente para a infraestrutura urbana.
O LITORAL NORTE ESTÁ ADOTANDO
MEDIDAS SEMELHANTES?
É desejável que os moradores e veranistas se
manifestem em resposta a esta importante pergunta, considerando seus
respectivos municípios. No entanto, os moradores e veranistas do município de
Imbé já podem responder que, pela desinformação do prefeito e sua equipe, realizaram
exatamente o contrário das decisões tomadas por outros países. Pois aplicam
o princípio de que o “asfalto é uma moeda de troca política”.
Em relação ao município de Imbé, é crucial que os
moradores e veranistas estejam cientes das implicações ambientais do asfalto
impermeável e pressionem por soluções mais sustentáveis. A gestão da água da
chuva e do escoamento superficial é uma tarefa complexa que envolve vários
desafios:
1. Urbanização: O rápido e descontrolado
processo de urbanização pode levar à impermeabilização do solo, reduzindo a
infiltração de água e aumentando o escoamento superficial. Isso pode resultar
em inundações e erosão do solo.
2. Mudanças climáticas: As mudanças climáticas estão
alterando os padrões de chuva, tornando-os mais intensos e imprevisíveis. Isso
sobrecarrega os sistemas de drenagem existentes e aumenta o risco de
inundações.
3. Infraestrutura inadequada: Em muitas áreas, a
infraestrutura de drenagem não é suficiente para lidar com o volume de água da
chuva. Isso pode ser devido ao envelhecimento da infraestrutura, planejamento
inadequado, falta de manutenção ou inexistência de um projeto.
4. Poluição da água: A água da chuva carrega
poluentes de estradas, telhados e áreas industriais. Isso pode afetar a
qualidade da água e poluir os corpos d’água locais.
5. Desafios financeiros: A implementação de soluções
eficazes de gestão de águas pluviais pode ser dispendiosa. Isso inclui
construção de infraestrutura, manutenção de sistemas existentes e tecnologias
verdes.
6. Conscientização pública: Muitas vezes, falta
conscientização sobre a importância da gestão de águas pluviais e as
consequências de práticas inadequadas.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
A sugestão de incluir educação ambiental nas
escolas é pertinente. Isso pode aumentar a conscientização sobre questões como
a gestão de águas pluviais e a prevenção de enchentes. As aulas poderiam
abordar tópicos como a importância da permeabilidade do solo,
os impactos da urbanização na drenagem de águas pluviais e
as consequências das práticas inadequadas de gestão de águas pluviais.
No entanto, a implementação dessa medida depende de
fatores como recursos disponíveis, formação de professores e vontade política.
É essencial que tomadores de decisão, educadores e a comunidade reconheçam a
importância dessa questão e trabalhem juntos para torná-la uma realidade.
Lembre-se de que a educação é apenas uma parte da
solução. Também é necessário investir em infraestrutura adequada e políticas
eficazes para enfrentar os desafios da gestão de águas pluviais
Pressionar
por mudanças sustentáveis em nosso município é fundamental para promover um
ambiente mais saudável e consciente. Aqui estão algumas estratégias que você
pode considerar:
1. Conscientização e Educação:
o
Organize campanhas de conscientização: Realize eventos, palestras ou workshops para
educar os moradores sobre questões ambientais e a importância da
sustentabilidade.
o
Use mídias sociais: Compartilhe informações relevantes sobre práticas sustentáveis, dicas
e notícias em plataformas como Facebook, Instagram e Twitter.
2. Engajamento com a Comunidade:
o
Crie grupos de interesse: Forme grupos locais focados em questões
ambientais, como um “Comitê de Sustentabilidade” ou “Amigos do Meio Ambiente”.
o
Participe de reuniões públicas: Compareça às reuniões da prefeitura e outros
eventos comunitários para expressar suas preocupações e ideias.
3. Advocacia e Petições:
o
Elabore petições: Crie petições online ou offline para coletar assinaturas em apoio a
medidas sustentáveis específicas.
o
Apresente propostas à prefeitura: Reúna informações e apresente propostas
sustentáveis à administração municipal.
4. Participação em Projetos Locais:
o
Voluntariado:
Participe de projetos de limpeza de praias, reflorestamento ou outras
iniciativas ambientais.
o
Incentive a criação de áreas verdes: Proponha a criação de parques, praças e espaços
públicos com vegetação nativa.
5. Incentive a Participação de
Empresas e Comércios:
o
Promova práticas sustentáveis nos negócios locais: Incentive empresas a adotarem
medidas como reciclagem, economia de energia e uso consciente da água.
o
Estimule o comércio justo e produtos locais: Valorize produtos produzidos
localmente e com menor impacto ambiental.
6. Monitoramento e Cobrança:
o
Acompanhe as ações da prefeitura: Esteja atento às decisões e projetos
relacionados ao meio ambiente e cobre transparência e responsabilidade.
o
Participe de audiências públicas: Use essas oportunidades para expressar suas
opiniões e questionar as autoridades.
Lembre-se de que a mudança
sustentável requer esforços contínuos e colaborativos. Ao unir forças com
outros municípios, moradores e ser persistente, você pode contribuir
significativamente para tornar seu município mais verde e consciente.
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