A IMPORTÂNCIA DAS CASUARINAS EM ÁREAS LITORÂNEAS
Athos Stern
Engenheiro, professor aposentado da Ufrgs, ex-presidente e consultor da ACI-BM
Na Austrália, a casuarina é utilizada em construções rurais como cercas, mastros,
remos e bengalas. Na Austrália Ocidental, a madeira de casuarina é
comercialmente aproveitada para pernas de piano, telhas, compensados e
esquadrias.
A casuarina ocorre em regiões com estações secas consideravelmente longas,
onde a área do subsolo é aproveitável, porém prefere boa drenagem,
desenvolvendo-se bem em solos arenosos. Essa é uma espécie de interesse para
climas tropicais e subtropicais. As sementes de Casuarina equisetifolia medem de
3 a 5 mm de comprimento e são de cor castanho claro.
Na Índia, a casuarina é usada como andaime e membros de estrutura para
edifícios, assim como para mastros de barcos de pesca rústicos. No Egito, as
casuarinas são utilizadas como quebra-ventos e zonas de proteção contra ventos.
De bela textura, a madeira pode ser utilizada em interiores, mobiliário decorativo e
revestimento de paredes. Também pode ser transformada em palanques ou
processada como madeira de fibra curta para produção de papel. A casca,
contendo até 18% de tanino, produz uma tinta vermelha e é aproveitada também
para fins medicinais.
A casuarina tem um sistema radicular profundo, usado para controle da erosão e
recuperação de solos degradados. Essa é também uma característica valiosa para
a agrofloresta, pois as árvores não competem fortemente com as produções
adjacentes por nutrientes do solo ou água nas camadas de solo mais superficiais.
Em solos arenosos, a casuarina dá melhor resultado, apesar de seu fuste ralo.
Essa espécie é largamente plantada em todos os continentes, em regiões
climáticas favoráveis, para quebra-ventos, ornamentação de ruas, conservação de
solos e fixação de dunas.
CONCLUSÕES
A Casuarina equisetifolia é uma espécie litorânea que também se desenvolve
bem em regiões com estações secas consideravelmente longas. Embora não seja
resistente à geada, tolera uma ampla gama de temperaturas. É plantada em todos
os continentes, sendo utilizada em quebra-ventos, ornamentação de ruas,
conservação de solos e fixação de dunas. Sua madeira, com alto valor calorífico, é
utilizada principalmente como combustível.
Suas raízes abrigam bactérias fixadoras de nitrogênio, e seu sistema radicular
profundo permite que a espécie seja eficientemente utilizada para melhorar as
características físicas do solo. A Casuarina equisetifolia é uma espécie de grande
potencial para regiões tropicais e subtropicais, devendo ser aproveitada com
sucesso na recuperação de solos degradados e no controle da erosão.
E NO BRASIL, COMO É CONSIDERADA?
No Brasil, a Casuarina equisetifolia é uma espécie exótica que se adaptou bem,
especialmente em regiões litorâneas. Ela é valorizada por sua capacidade de
recuperação de áreas degradadas e controle da erosão, devido às suas raízes
profundas e resistência a condições adversas. No entanto, também é considerada
uma espécie invasora em algumas áreas, o que pode impactar negativamente a
flora nativa.
RECOMENDAÇÕES
A Casuarina se desenvolve muito bem, com o objetivo de recuperar
ambientalmente a área à margem do rio Tramandaí, área fortemente exposta à
maresia e à fortes ventos, solo arenoso, pobre em nutrientes, sem adubações e
sem uso de técnicas de bioengenharia e onde não existe mais flora nativa.
Existem várias alternativas eficazes para a recuperação de áreas degradadas além
do uso da Casuarina. Algumas opções incluem:
1. Plantas Nativas: Utilizar espécies nativas da região é uma das melhores
práticas, pois elas estão adaptadas ao clima e solo locais e ajudam a
restaurar a biodiversidade.
2. Adubação Verde: Plantar leguminosas e outras plantas que enriquecem o
solo com nutrientes essenciais, como nitrogênio.
3. Controle de Erosão: Implementar técnicas como plantio em contorno,
construção de terraços e uso de coberturas vegetais para prevenir a erosão
do solo.
4. Reflorestamento: Plantar árvores e arbustos nativos para restaurar a
cobertura vegetal e melhorar a estrutura do solo.
5. Bioengenharia: Utilizar técnicas de bioengenharia, como a construção de
barreiras vivas com plantas, para estabilizar o solo e controlar a erosão.
Alternativas à Casuarina:
1. Pandanus utilis (Pandanus): Adaptada a solos arenosos e condições
costeiras, é eficaz no controle da erosão.
2. Ipomoea pes-caprae (Salsa-da-praia): Uma planta rasteira que ajuda a
estabilizar o solo arenoso e é resistente a condições adversas.
3. Coccoloba uvifera (Uva-do-mar): Uma árvore nativa que se adapta bem a
solos arenosos e ajuda a controlar a erosão.
4. Schinus terebinthifolius (Aroeira): Outra árvore nativa que pode ser
utilizada para recuperação de áreas degradadas e controle da erosão.
Essas alternativas podem oferecer benefícios semelhantes aos da Casuarina. No
entanto, a reposição da vegetação arbórea com espécies nativas é extremamente
difícil e cara em uma região inóspita como o Litoral Norte. Será necessário
implantar um sistema eficiente e permanente de quebra-ventos, natural ou artificial,
para que essas espécies consigam se desenvolver e atingir a fase adulta. Além
disso, será necessário um cuidado contínuo por um período de 10 a 20 anos, algo
que não é necessário no caso da Casuarina.
Observa-se, no entanto, que as Casuarinas plantadas a partir de mudas já
desenvolvidas têm um custo mínimo e cumprem eficazmente a função de
recuperação das áreas degradadas, como as margens do lado esquerdo do rio
Tramandaí.
O QUE FEZ A PREFEITURA MUNICIPAL DE IMBÉ?
A Prefeitura de Imbé removeu a vegetação junto ao rio Tramandaí, em uma Área de
Preservação Permanente (APP). Esta ação é vista como um retrocesso e um
crime ambiental, pois as raízes das plantas seguravam a areia, impedindo o
assoreamento do rio. Durante as chuvas, a terra é carregada para dentro do
rio, levando consigo diversos tipos de lixo orgânico e inorgânico, o que
aumenta a poluição e a degradação constante do nosso rio.
No ranking dos itens mais encontrados nos rios, praias e lagoas do Brasil, os
pedacinhos de plástico ocupam o primeiro lugar. Em segundo lugar, estão os
cigarros, filtros e bitucas. Em seguida, vem o isopor granulado, que flutua e viaja
por longas distâncias, e as tampas de garrafas, que aparecem em quarto lugar.
Pesquisadores ligados à ONU listaram os dez itens que mais poluem esses
ambientes.
Para garantir a proteção das águas e do meio ambiente, é fundamental respeitar a
vegetação ribeirinha. Se permitirmos a remoção dessas plantas, no futuro
enfrentaremos sérios desafios para obter água em quantidade e qualidade
adequadas.
DANOS DETERMINADOS PELA SUPRESSÃO DAS CASUARINAS DA MARGEM
DO RIO TRAMANDAÍ
Formação de “Ilha de Calor”: A remoção das árvores aumentou a
temperatura local, criando uma “ilha de calor”.
Prejuízos à Saúde Humana: A “ilha de calor” pode causar desconforto
térmico e agravar problemas de saúde, como doenças respiratórias e
cardiovasculares.
Empobrecimento do Solo: A perda da serapilheira (camada de folhas e
matéria orgânica) empobrece o solo, reduzindo sua fertilidade.
Dificuldade no Plantio de Espécies Nativas: A ausência das casuarinas
dificulta o plantio e o crescimento de espécies nativas, que dependem da
proteção e do microclima proporcionado por essas árvores.
Perda de Abrigo e Alimentação para a Fauna: A remoção das árvores
elimina habitats e fontes de alimento para diversas espécies de animais.
Eliminação da Barreira Física contra Ventos Salinos/Maresia: As
casuarinas atuavam como uma barreira natural contra os ventos salinos,
protegendo a vegetação e as construções próximas.
Perda de Sombra e Conforto Térmico: A sombra proporcionada pelas
árvores ajudava a refrescar o ambiente, tornando-o mais agradável.
Redução das Opções de Lazer: A área se torna menos atrativa para
atividades recreativas, como caminhadas e piqueniques, devido à falta de
sombra e aumento da temperatura.
Aumento da Erosão: A presença das copas das casuarinas ajudava a
diminuir o impacto das gotas de chuva no solo, reduzindo a erosão. Sem elas,
a erosão aumenta.
Aumento do Carreamento de Sedimentos para o Rio Tramandaí: A
serapilheira ajudava a reter sedimentos. Sem ela, há um maior carreamento
de sedimentos para o rio, afetando a qualidade da água e o ecossistema
aquático.
Esses pontos destacam a importância das casuarinas para o equilíbrio
ambiental e o bem-estar da comunidade local
A PRESENÇA DOS BIGUÁS É ESSENCIAL PARA A MANUTENÇÃO DE
ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS SAUDÁVEIS E EQUILIBRADOS
Os biguás, também conhecidos como corvos-marinhos, geralmente fazem seus
ninhos em árvores altas e robustas que oferecem proteção e uma boa visão do
entorno. Algumas das árvores que costumam acolher biguás incluem:
Eucaliptos
Pinheiros
Mangueiras
Árvores de manguezal (em áreas costeiras)
No caso específico das margens do Rio Tramandaí, as casuarinas eram as únicas
árvores que abrigavam os biguás pelos seguintes motivos:
1. Altura e Estrutura: As casuarinas são árvores altas e robustas,
proporcionando um local seguro e elevado para os ninhos dos biguás.
2. Proximidade ao Rio: Estando localizadas à beira do rio, as casuarinas
ofereciam fácil acesso ao alimento (peixes) no rio, essencial para a
sobrevivência dos biguás.
3. Densidade da Folhagem: A folhagem densa das casuarinas fornecia
proteção contra predadores e condições climáticas adversas.
4. Disponibilidade: A presença predominante de casuarinas na área significava
que havia poucas outras opções de árvores adequadas para os biguás
fazerem seus ninhos.
Portanto a remoção das casuarinas teve um impacto significativo na
população de biguás produzindo um grande dano ambiental, pois eles
perderam seus locais de nidificação e abrigo.
Os biguás desempenham um papel importante nos ecossistemas aquáticos,
contribuindo de várias maneiras:
1. Controle de População de Peixes: Como predadores, os biguás ajudam a
controlar a população de peixes, mantendo o equilíbrio ecológico e
prevenindo a superpopulação de certas espécies.
2. Indicadores de Saúde Ambiental: A presença de biguás em um corpo
d’água pode ser um indicador de boa qualidade da água, já que eles
dependem de ambientes aquáticos saudáveis para se alimentar.
3. Ciclo de Nutrientes: Ao se alimentarem de peixes e outros organismos
aquáticos, os biguás ajudam a reciclar nutrientes no ecossistema. Seus
excrementos também fertilizam o solo e a água, promovendo o crescimento
de plantas aquáticas.
4. Dispersão de Sementes: Embora não seja sua função principal, os biguás
podem contribuir para a dispersão de sementes de plantas aquáticas,
ajudando na regeneração de vegetação ribeirinha.
5. Interação com Outras Espécies: Os biguás interagem com outras espécies
de aves e animais, criando uma rede complexa de relações ecológicas que
contribuem para a biodiversidade.
A presença dos biguás é, portanto, essencial para a manutenção de
ecossistemas aquáticos saudáveis e equilibrados
Obs.: Em abril de 2024 a ACIBM-Associação Comunitária de Imbé Braço Morto
protocolou pedido de informações Secretaria Municipal do Meio Ambiente conforme
link: https://acimbe.blogspot.com/2024/04/e-o-projeto-de-replantio.html
Texto simplesmente brilhante e definitivo.
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