O PROJETO DE NOVAS PONTES PREOCUPA AS COMUNIDADES DE IMBÉ E TRAMANDAÍ
ATHOS STERN
Engenheiro, professor aposentado da Ufrgs
Ex-presidente e consultor da Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto
A prefeitura de Imbé, no Rio Grande do Sul, argumentou que a construção de uma nova ponte entre Imbé e Tramandaí é necessária para desafogar o trânsito e melhorar a infraestrutura da região. Os principais argumentos apresentados foram:
- Problemas Estruturais: a ponte Giuseppe Garibaldi, que liga as duas cidades, possui problemas estruturais e baixa capacidade de carga.
- Congestionamentos Frequentes: a ponte é antiga e frequentemente registra congestionamentos, especialmente durante o verão.
- Segurança: a nova ponte proporciona mais segurança e ajudaria a aliviar o trânsito, permitindo a passagem de veículos pesados.
- Comércio Local: a nova ponte poderia impulsionar o comércio na região da barra.
A prefeitura contratou uma empresa para realizar um estudo ambiental, a fim de garantir que a construção não prejudique o ecossistema do rio.
Assim, o projeto das novas pontes deve atender aos argumentos apresentados pela prefeitura de Imbé, exceto o de melhorar o comércio na região da barra, que não está diretamente relacionado à necessidade de uma nova ponte.
É importante destacar que a execução das novas pontes deve ser realizada no local onde se encontram atualmente e de forma imediata. Esta é a solução ideal, pois fundamenta o atual planejamento urbano de Imbé e Tramandaí, que se desenvolveram ao seu redor. Além disso, o custo das novas pontes e o eventual reforço de uma delas certamente será mais baixo, evitando novos danos ambientais e não colocando em risco a pesca colaborativa.
É importante fazer o registro que estas pontes existentes já poderiam estar sendo reforçadas para evitar um grave acidente, utilizando os recursos despendidos em projetos de pontes que irão causar danos ambientais!
E que fique o registro a quem cabe evitar um grave acidente e que este alguém não venha dizer: Eu não sabia!
Licença Ambiental Prévia
Desde que a prefeitura de Imbé divulgou o projeto de construir duas pontes na foz do rio Tramandaí, as comunidades de Imbé e Tramandaí manifestaram veementemente suas preocupações com os impactos devastadores desta obra sobre o meio ambiente e o bem-estar que seriam submetidas.
A FEPAM concedeu a Licença Ambiental Prévia para que a obra avance. Os principais questionamentos de Imbé e Tramandaí sobre esta licença são as seguintes:
Audiência Pública
O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001) é uma legislação brasileira que estabelece diretrizes para a política urbana. Uma das suas exigências é a realização de audiências públicas e a participação popular em processos de planejamento e implementação de políticas urbanas. Isso inclui a execução de obras que possam causar impactos ambientais significativos.
De acordo com o Estatuto da Cidade, as prefeituras devem promover a participação da população na elaboração, implementação e acompanhamento dos planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano. As audiências públicas são uma forma de garantir que a comunidade seja ouvida e que suas preocupações sejam levadas em consideração, especialmente em casos onde há potencial para danos ambientais como a construção da ponte binária na foz do rio Tramandaí.
As populações de Imbé e Tramandaí exigem que se cumpra a lei:
A participação da população na elaboração, implementação e acompanhamento dos planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
A ameaça que vem do Mar
As prefeituras do Litoral Norte não estão se dando conta de que a elevação do nível do mar, que ocorre em todo mundo, é um problema a ser encarado também aqui, antes que seja tarde demais.
Abra o link e confira a ameaça que está por vir:
https://acimbe.blogspot.com/
As primeiras áreas a serem tomadas pela elevação do nível do mar, são exatamente as áreas onde foram previstos os acessos às pontes binárias pretendidas pela prefeitura de Imbé, localizadas na foz do rio Tramandaí.
Mobilidade Urbana Urgente
Realizar um estudo de mobilidade urbana em ambos os lados da ponte sobre o rio Tramandaí pode trazer vários benefícios significativos. Aqui estão algumas vantagens:
· Redução de cruzamentos desnecessários: Um estudo detalhado pode identificar pontos de cruzamento de veículos que são desnecessários e propõe soluções para evitá-los. Isso pode melhorar o fluxo de tráfego e reduzir congestionamentos.
· Melhoria na segurança: Com a reorganização dos fluxos de veículos, é possível aumentar a segurança dos motoristas e pedestres, minimizando pontos de conflito.
· Eficiência no transporte público: A análise pode otimizar as rotas de transporte público, tornando o serviço mais eficiente e atraente para os usuários.
· Impacto ambiental positivo: Reduzir o congestionamento e otimizar as rotas pode diminuir a emissão de poluentes, contribuindo para um meio ambiente mais limpo.
· Planejamento urbano mais integrado: Um estudo abrangente pode ajudar a integrar melhor o planejamento urbano com as necessidades de mobilidade, levando a uma cidade mais organizada e funcional.
· Economia de tempo e combustível: Menos congestionamentos significam que os motoristas gastam menos tempo parados no trânsito, economizando combustível e dinheiro. Contar com um profissional competente e especializado para realizar esse estudo garante que as soluções propostas sejam eficazes e sustentáveis. Isso pode trazer uma melhoria geral na qualidade de vida da população local.
Custo de Manutenção das Pontes Estaiadas
O custo de manutenção de pontes estaiadas em áreas junto ao mar, expostas ao ar salino e fortes rajadas de vento tende a ser consideravelmente mais alto comparado às pontes tradicionais em concreto armado. Isso ocorre principalmente devido aos seguintes fatores:
· Corrosão: O ambiente marinho e o ar salino aceleram a corrosão dos materiais metálicos usados nas pontes estaiadas, exigindo manutenções mais frequentes e custosas.
· Impacto das condições climáticas: As fortes rajadas de vento e as condições adversas do mar aumentam o desgaste das estruturas, necessitando reparos e inspeções regulares.
· Complexidade da manutenção: A manutenção de pontes estaiadas é geralmente mais complexa e técnica, exigindo equipamentos e mão de obra especializados.
Por outro lado, pontes de concreto armado, embora também necessitem de manutenção, tendem a ser mais robustas e menos afetadas por essas condições extremas, resultando em custos de manutenção relativamente menores.
Obs.: A falta de manutenção das pontes sobre o rio Tramandaí. De acordo com algumas fontes, a deterioração das pontes Giuseppe Garibaldi tem sido um problema por muitos anos.
Se não há manutenção com as pontes atuais, o que não acontecerá com uma ponte binária?
Vibrações causadas por Chuvas, Ventos e o Trânsito em Cabos e Estrutura de uma Ponte Estaiada
As vibrações causadas por chuva, vento e cargas dinâmicas em pontes estaiadas podem, de fato, afetar o ambiente ao redor, incluindo a vida aquática.
A transferência de vibrações para a água pode impactar os animais marinhos, como os botos, que são sensíveis a mudanças no ambiente acústico
Custos de Manutenção Contínua de uma ponte Estaiada
O custo da manutenção contínua pode variar significativamente dependendo de vários fatores, como o tamanho da ponte, a frequência e a intensidade dos impactos, e a localização geográfica. Em geral, os custos podem incluir:
· Inspeções Regulares: Utilização de sensores e equipamentos especializados para monitorar a condição dos cabos.
· Manutenção Preventiva: Trabalhos de limpeza, lubrificação e pequenos reparos para prevenir problemas maiores.
· Reparos e Substituição: Custos associados à substituição de cabos danificados ou desgastados.
· Amortecedores de vibração: Instalação e manutenção de sistemas de amortecimento para reduzir as vibrações.
Colisão de Aves em Pontes Estaiadas
O risco de colisão de aves em pontes estaiadas pode ser significativo, especialmente para aves migratórias ou aquáticas como os biguás. A estrutura das pontes estaiadas, com cabos e torres, pode representar obstáculos inesperados para as aves, resultando em colisões que podem causar ferimentos graves ou morte.
Essas colisões podem ocorrer tanto durante o dia quanto à noite, embora sejam mais frequentes à noite ou em condições de baixa visibilidade, quando as aves têm dificuldade em perceber os obstáculos. Além disso, as luzes das pontes podem atrair as aves, aumentando o risco de colisão.
Para mitigar esse problema, algumas medidas podem ser tomadas:
· Uso de marcadores visuais: Colocar marcadores nos cabos e torres para torná-los mais visíveis às aves.
· Redução de iluminação noturna: Minimizar o uso de luzes que possam atrair aves, especialmente durante períodos de migração.
· Monitoramento e pesquisa: Realizar estudos para entender melhor os padrões de colisão e desenvolver estratégias de mitigação mais eficazes.
A preservação da vida das aves e a minimização dos impactos das infraestruturas humanas são questões importantes para a conservação da biodiversidade.
Acessibilidade
Como será possível garantir o acesso à ponte binária através de ruas extremamente estreitas, com apenas 7 metros de largura, e calçadas de 2,00m em ambos os municípios? E no caso de obras e desapropriações, especialmente em Tramandaí, quais custos, certamente altíssimos?
Impacto no Bem-Estar
Quais medidas serão adotadas para impedir que o tráfego pesado de automóveis, ônibus, máquinas de terraplenagem e caminhões perturbe o sossego e o bem-estar das famílias que vivem nessas ruas residenciais?
Emissões de Poluentes
Como será evitada a emissão de gases de combustão provenientes desse tráfego intenso em ruas tão estreitas, de modo a não comprometer a saúde das famílias residentes?
Poluição Sonora
Quais soluções serão implementadas para mitigar o ruído ensurdecedor gerado por esse tráfego pesado, especialmente para os residentes que vivem extremamente próximos a esse fluxo em áreas estritamente residenciais?
Consulta Pública
A população residente nas áreas afetadas será adequadamente ouvida durante o processo?
Saúde e Meio Ambiente
Como será garantido que os ruídos, vibrações e gases prejudiciais à saúde não afetarão os moradores dessas regiões residenciais, bem como a prática da Pesca Colaborativa entre pescadores e botos?
As vibrações de uma ponte sem pilares sobre o rio também são transmitidas às águas, onde ocorre a pesca colaborativa, interferindo na comunicação entre os botos e assustando-os.
A Pesca Colaborativa, que deixou de existir em outros locais, ainda persiste em apenas três lugares no mundo, incluindo a foz do rio Tramandaí? Como esta prática será preservada diante deste projeto?
Informações necessárias para as comunidades de Imbé e Tramandaí,
As informações referentes ao projeto da ponte binária, que a prefeitura de Imbé deseja construir na foz do rio Tramandaí não estão disponíveis.
Obtivemos a informação que a ponte teria 150m de comprimento, 12m de largura e a estrutura da ponte se situava a 5,70m da superfície das águas do rio Tramandaí.
Largura da ponte x largura da rua em Tramandaí
Pelo fato de as ruas terem 7,00m de pista e 2 x 2,00m de calçadas, totaliza 11,00m o total de largura. No entanto, a ponte possui 12,00m de largura, isto é, a ponte cobre 0,50m de cada lado, os lotes residenciais,
Por outro lado, a ponte está 5,70m sobre as águas do rio Tramandaí e para descer até o nível das ruas demandará cerca de 100m, dependendo da declividade estabelecida.
Já foi estudado os acessos às residências existentes?
Muitas perderão o acesso e o que fazer?
Por que criar novos percursos em áreas residenciais, criando todos os problemas relacionados?
Histórico de Impacto Ambiental
Considerando que os danos ambientais das pontes existentes foram causados há 80 anos, por que não utilizar este local já impactado para instalar as novas pontes?
Análise Crítica
Após a análise criteriosa de todos esses pontos, é esperado que a FEPAM não concorde com a devastação ambiental, a perda da Pesca Colaborativa e a consequente privação de sustento de centenas de pescadores.
Ausência de EIA-RIMA: A ausência de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) é inadmissível para obras de tal magnitude.
Como pode a FEPAM conceder a licença prévia sem que haja nem mesmo um projeto detalhado da obra?
É essencial que a sociedade se mobilize contra este projeto imprudente, exigindo transparência, responsabilidade e a preservação do meio ambiente e do bem-estar das futuras gerações.
Moradores e veranistas de Imbé e Tramandaí estão preocupados, principalmente com a preservação do meio ambiente, estando sempre atentas e tomando iniciativas para impedir, através de ações, que possam evitar a poluição das águas e do ambiente, como também atenta à organização do crescimento urbano de seus municípios e suas normas de uso e ocupação do solo.
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