APELO AO MP PARA QUE CESSE A AGRESSÃO ÀS DUNAS
A Promotora de Justiça Mari Oni da Silva, de Tramandaí, solicitou informações científicas que comprovem a denúncia de agressões ao meio ambiente das dunas de Imbé pelo sistema de iluminação por lâmpadas led, encaminhada pelo médico veterinário Mauro Machado, conselheiro fiscal da Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto.
O engenheiro Athos Stern, ex-presidente e consultor da associação, fez uma pesquisa sobre assunto e demonstra o porquê das lâmpadas LEDs impactarem negativamente os organismos das espécies em extinção e até mesmo sobre o câncer nos humanos. O artigo abaixo poderá auxiliar a promotora a tomar uma medida para que a prefeitura desligue o quanto antes os holofotes que iluminam as dunas e agridem a fauna local.
ESPÉCIES EM EXTINÇÃO
· As tartarugas-marinhas são particularmente vulneráveis e incluem espécies ameaçadas de extinção.
· Espécies de tuco-tucos (gênero Ctenomys) estão ameaçadas de extinção, especialmente aquelas que habitam áreas costeiras no sul do Brasil, como o Rio Grande do Sul.
· Corujas: Algumas espécies de corujas, como a coruja-listrada (Strix hylophila), estão classificadas como vulneráveis devido à perda de habitat
· Lagartixa-das-dunas (Liolaemus arambarensis): Esta espécie é endêmica das dunas costeiras do Rio Grande do Sul e está em perigo de extinção devido à destruição de seu habitat
· Botos: O boto-de-Lahille (Tursiops gephyreus), encontrado na região costeira do estado, está em perigo de extinção devido a impactos como poluição e tráfego de embarcações.
· Peixes: Algumas espécies de peixes, como o lambari-listrado (Hollandichthys multifasciatus) e o peixe-rei (Odontesthes bonariensis), estão ameaçadas devido à degradação de seus habitats aquáticos.
IMPACTAR NEGATIVAMENTE OS ORGANISMOS DAS ESPÉCIES EM EXTINÇÃO
A iluminação artificial por lâmpadas LED em áreas costeiras, como dunas, avenidas à beira-mar e a foz do rio Tramandaí, pode impactar negativamente os organismos mencionados de várias formas:
Tartarugas-marinhas
- Desorientação de filhotes: A luz artificial pode confundir os filhotes ao nascerem, fazendo com que se dirijam para o interior, em vez do mar, aumentando o risco de predação e desidratação.
- Alteração de locais de desova: Fêmeas podem evitar praias iluminadas, reduzindo as áreas disponíveis para reprodução.
Tuco-tucos
- Mudança no comportamento de predadores: A iluminação pode atrair predadores noturnos, aumentando o risco para os tuco-tucos.
- Alteração do habitat: A luz pode modificar o ecossistema das dunas, afetando a disponibilidade de recursos e abrigo.
Corujas
- Interferência na caça: A iluminação pode dificultar a caça noturna, já que muitas presas evitam áreas iluminadas.
- Desorientação: A luz pode alterar os padrões de voo e comportamento das corujas.
Lagartixa-das-dunas
- Alteração do ciclo de atividade: A luz pode interferir no comportamento noturno, reduzindo a eficiência na busca por alimento e aumentando a exposição a predadores.
- Impacto no habitat: A iluminação pode modificar a vegetação e o microclima das dunas, prejudicando o habitat da espécie.
Botos
- Desorientação: A luz pode interferir na navegação e comunicação dos botos, que dependem de sinais naturais.
- Alteração no comportamento alimentar: A iluminação pode atrair presas para áreas iluminadas, alterando os padrões de alimentação.
Peixes
- Mudança no ciclo circadiano: A luz pode alterar os ritmos naturais de alimentação e reprodução.
- Atração de predadores: A iluminação pode atrair predadores para áreas onde os peixes se concentram.
Esses impactos destacam a importância de adotar medidas de mitigação, como o uso de luzes com espectro e intensidade adequados, para minimizar os efeitos negativos sobre a fauna local.
Algumas evidências e estudos que podem ser úteis para embasar as alegações sobre os impactos da iluminação artificial por lâmpadas LED em áreas costeiras:
1. Tartarugas-marinhas: Estudos mostram que a luz artificial desorienta filhotes de tartarugas-marinhas, dificultando sua jornada ao mar e aumentando a mortalidade. Um exemplo é o , que documenta os impactos da fotopoluição em áreas de desova no Brasil.
2. Impactos gerais da fotopoluição: Um artigo publicado pelo detalha como a iluminação artificial afeta espécies costeiras, incluindo tartarugas-marinhas, e sugere diretrizes para minimizar esses impactos.
3. Impactos em ecossistemas marinhos: Um estudo global revelou que a iluminação de cidades costeiras pode penetrar até 50 metros de profundidade no oceano, alterando o comportamento de espécies marinhas sensíveis à luz, como peixes e crustáceos. Mais detalhes podem ser encontrados .
Esses materiais podem servir como base para demonstrar os impactos negativos da iluminação artificial em áreas costeiras.
COMPROVAÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS PELA LUZ AZUL DOS LEDs
Alguns estudos e artigos que exploram a relação entre a poluição luminosa, a luz azul de LEDs e os danos ambientais:
1. Um estudo da Universidade de Exeter destacou que a transição de lâmpadas de sódio para LEDs aumentou significativamente a emissão de luz azul, causando impactos biológicos substanciais em diversas espécies e alterando ecossistemas naturais.
2. A Revista Galileu relatou que a poluição luminosa cresceu 49% nos últimos 25 anos, com LEDs contribuindo para um aumento ainda maior devido à luz azul, que afeta negativamente animais, plantas e até a saúde humana.
3. Um artigo da Sigma Earth detalha como a poluição luminosa interfere nos ritmos circadianos de humanos e animais, além de impactar ecossistemas ao alterar comportamentos naturais de espécies noturnas.
Esses estudos reforçam a necessidade de estratégias de mitigação, como o uso de LEDs com espectro ajustado e iluminação direcionada.
INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER
Esses estudos têm como objetivo aumentar a conscientização sobre os potenciais impactos das lâmpadas LED, especialmente aquelas que emitem uma quantidade significativa de luz azul. Embora as lâmpadas LED sejam mais eficientes e duráveis do que outras fontes de iluminação, há preocupações crescentes sobre sua influência em diversos contextos, incluindo:
· Saúde Humana: A luz azul emitida por LEDs pode impactar os ritmos circadianos, interferindo no sono e na saúde geral. Além disso, agentes com características "provavelmente cancerígenas" podem ser alvo de estudos mais aprofundados para verificar seus riscos à saúde a longo prazo.
· Impacto Ambiental: Como apontado anteriormente, LEDs podem interferir em ecossistemas noturnos, afetando o comportamento de espécies e a biodiversidade local.
Esses estudos não apenas alertam sobre possíveis riscos, mas também destacam a necessidade de alternativas seguras e estratégias de mitigação, como o ajuste de espectros e intensidades de luz, a fim de equilibrar os benefícios das LEDs com a redução de seus impactos adversos.
A sigla IARC significa International Agency for Research on Cancer, ou Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer, em português. É uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), fundada em 1965, com a missão de coordenar e conduzir pesquisas sobre as causas do câncer, além de avaliar os riscos relacionados a fatores ambientais, ocupacionais e de estilo de vida.
A IARC é bem conhecida por classificar agentes químicos, físicos e biológicos, bem como atividades e exposições humanas, em categorias de risco carcinogênico. Essa classificação ajuda a orientar políticas públicas e ações de saúde para a prevenção do câncer em nível global.
Estudos indicam que um agente classificado como "provavelmente cancerígeno para humanos" (Grupo 2A) pelo IARC tem uma chance significativa de ser classificado como "carcinogênico para humanos" (Grupo 1). Essa reclassificação ocorre quando evidências científicas adicionais e mais robustas confirmam a relação entre o agente e o câncer.
Por exemplo, um levantamento realizado pelo Journal of the National Cancer Institute em 2013 analisou 544 agentes avaliados pelo IARC entre 1971 e 2011. Os resultados mostraram que:
· 71% dos agentes inicialmente classificados como Grupo 2A (provavelmente carcinogênicos) foram posteriormente movidos para o Grupo 1 (carcinogênicos).
· 22% dos agentes classificados como Grupo 2B (possivelmente carcinogênicos) também foram promovidos para o Grupo 1.
Outro estudo relevante, publicado no Environmental Health Perspectives em 2018, ampliou o escopo analisando 836 agentes classificados pelo IARC entre 1971 e 2016. Nesse estudo, constatou-se que:
· 64% dos agentes do Grupo 2A foram classificados como Grupo 1.
· 17% dos agentes do Grupo 2B também foram promovidos para o Grupo 1.
Esses números demonstram que a transição de um agente do status de "provavelmente cancerígeno" para "carcinogênico" ocorre com frequência considerável, especialmente quando estudos epidemiológicos e toxicológicos fornecem novas evidências robustas. No entanto, é importante destacar que a classificação do IARC é baseada em revisões científicas rigorosas, considerando dados disponíveis em diferentes contextos e populações.
CONCLUSÃO
Concluímos que as lâmpadas LED impactam negativamente os organismos das espécies em extinção e foram mostrados evidências e estudos, também foi mostrada a comprovação de danos ambientais pela luz azul dos LEDs e para concluir as preocupações crescentes da International Agency for Research on Cancer
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