IMBÉ NÃO TEM UM PROJETO DE MACRODRENAGEM

 


Substituir valas de drenagem por canos, uma obra da prefeitura de Imbé questionada pela ACI-BM no Ministério Público, à espera de uma decisão


ATHOS STERN



00:14 (há 13 minutos)

Engenheiro, professor aposentado da Ufrgs

Ex-presidente e consultor da Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto


Para a implantação de um sistema de macrodrenagem em uma ampla área de Imbé, abrangendo diversas bacias hidrográficas, é fundamental seguir etapas técnicas e administrativas estruturadas.

1.     Estudo Preliminar - Levantamento topográfico e hidro geológico.

2.     Projeto Básico - Dimensionamento de canais, galerias e bueiros.

3.     Licenciamento Ambiental - Aprovação dos órgãos competentes.

4.     Projeto Executivo - Detalhamento com plantas e especificações técnicas.

5.     Aprovação - Validação oficial do projeto.

6.     Licitação - Contratação da empresa executora.

7.     Execução - Obra supervisionada para garantia de qualidade.

8.     Monitoramento e Manutenção - Plano contínuo de gestão e prevenção.

Esses passos garantem um sistema funcional e reduzem riscos de enchentes e alagamentos.

Irregularidades Apontadas na obra:

·       Falta de um projeto adequado para drenagem pluvial.

·       Ausência de estudos ambientais e topográficos.

·       Problemas estruturais e assoreamento precoce da tubulação.

·       Dificuldade no acesso e limpeza das caixas de inspeção.

·       Falta de planejamento para manutenção e expansão do sistema.

·       Ausência de justificativa técnica para a solução adotada.

·       Deficiência na execução e envolvimento inadequado de profissionais qualificados.

Erro Crítico: Substituição de Vala de Drenagem por Tubulação na Av. Frederico Westphalen e na Av. São Miguel

·       Estudo Preliminar Ignorado: A Prefeitura de Imbé não apresentou levantamentos solicitados.

·       Análise Deficiente: A troca de uma vala de drenagem de 80 anos por tubulação de 1 metro de diâmetro, com 80% abaixo do lençol freático, ocorreu sem projeto adequado ou fiscalização.

·       Consequências: O novo sistema ignora princípios fundamentais de drenagem e compromete sua eficiência.

Comparação entre as valas de drenagem e tubulações

·       Valas de drenagem antigas nunca receberam manutenção.

·       A nova tubulação já apresenta até 80% de assoreamento.

·       Caixas de inspeção estão obstruídas.

·       O sistema já se mostra ineficaz.

·       Urge revisar o projeto e implementar soluções para evitar mais prejuízos e alagamentos.

Medidas Urgentes:

Paralisação imediata de obras sem um projeto de macrodrenagem adequado.

·       A construção de canais abertos ou valas verdes teria resolvido o problema de drenagem pluvial. Agora, a Prefeitura enfrenta um impasse: tubulação e caixas de inspeção instaladas abaixo do lençol freático estão assoreadas e inoperantes.

·       Quem responde por essas decisões desastrosas e seus prejuízos? O engenheiro responsável? O prefeito que autorizou tais ações?

COMENTÁRIOS FINAIS SOBRE A CONDUÇÃO DE PROJETOS DE GRANDE PORTE

Estudo Preliminar

O entendimento das características do terreno e das bacias hidrográficas é essencial para a condução de projetos de infraestrutura. No caso das avenidas Santa Rosa, Nova Petrópolis, Garibaldi, Frederico Westphalen e Não-Me-Toque, estas possuíam valas de drenagem naturais que direcionavam a água para o rio Tramandaí, que deságua no mar.

Historicamente, a foz do rio Tramandaí mudava frequentemente de localização, chegando até a praia de Presidente. O rio alinhava-se à atual Av. Nilza Godoy e, ao alcançar a Lagoa do Braço Morto, desviava-se em direção à Av. Garibaldi, seguindo paralelo à Rua São Miguel até a sua foz. Nesse período, não havia registros de alagamentos, pois o sistema natural de drenagem era eficiente.

No entanto, com a fixação da foz do rio Tramandaí em sua posição atual, formou-se o Lago do Braço Morto, que, ao longo do tempo, foi sendo aterrado pelos ventos agindo sobre as dunas. O município de Osório, responsável pela área, não regularizou o loteamento, e a declividade da Av. Beira Mar continuou direcionando a água para a Rua São Miguel, tornando-a a via mais baixa da região e ponto de acumulação de águas pluviais.

Se um estudo adequado das bacias hidrográficas tivesse sido realizado, a solução mais eficiente teria sido direcionar a drenagem diretamente para o mar, cujo nível é mais baixo que o do rio Tramandaí. Em vez disso, foi optado, sem nenhum estudo técnico, por substituir as valas naturais por tubos de concreto de 1 metro de diâmetro, resultando em um sistema ineficiente e inadequado para a macrodrenagem da região.

Canaleta de Drenagem da Av. Garibaldi

A canaleta de drenagem da Av. Garibaldi, que poderia ter sido uma solução eficaz, foi mal projetada e executada. Além de suas dimensões mínimas, a ausência de um levantamento planialtimétrico adequado resultou em um sistema que segue a declividade da Av. Beira Mar em direção à Av. São Miguel. Como consequência, a água precisa se acumular antes de conseguir escoar, comprometendo sua funcionalidade.

Conclusão

Os problemas apresentados evidenciam a falta de planejamento técnico e conhecimento na condução dessas obras. A persistência de erros estruturais e a ausência de soluções eficazes reafirmam a negligência da gestão municipal na implementação de um sistema de drenagem eficiente.

É HORA DE AGIR COM RESPONSABILIDADE E PLANEJAMENTO!

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

OS PERIGOS DE UM PORTO EM ARROIO DO SAL

LAGOAS DO LITORAL AMEAÇADAS DE CONTAMINAÇÃO

PROJETO DA CORSAN NO LIMITE DA ILEGALIDADE