OS PERIGOS DAS LÂMPADAS DE LED




 As lâmpadas de led (Light-Emitting Diode, ou Diodo Emissor de Luz) estão substituindo as antigas em várias cidades do litoral norte, como Tramandaí e Imbé. 

As prefeituras destacam os seus aspectos positivos: custam menos, emitem uma luz mais clara, são econômicas e a durabilidade é maior. Mas há aspectos polêmicos e muitas dúvidas sobre seus efeitos negativos. O mais evidente pode ser constatado nas dunas de Imbé: as lâmpadas voltadas para o mar interferem na vida das corujas e dos animais e insetos de hábitos noturnos, que necessitam da escuridão.

O engenheiro Athos Stern, professor aposentado da Ufrgs, ex-presidente e consultor da Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto, fez uma pesquisa sobre o tema para avaliar o que pesquisadores de todo mundo já descobriram. E o resultado preocupa.

Saiba por que:


A ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL SUJEITA A ANÁLISE

Athos Stern

Existem vários aspectos negativos a serem considerados em relação às luminárias de LED, especialmente no que diz respeito à emissão de luz azul e seu impacto em diferentes ecossistemas:

Emissão de Luz Azul

·      Desconforto Visual e Problemas de Sono: A luz azul emitida pelas luminárias de LED pode causar desconforto visual e afetar o ritmo circadiano, resultando em problemas de sono. A exposição contínua à luz azul pode interromper a produção de melatonina, um hormônio indutor do sono, provocando insônia e fadiga.

Impacto em Ecossistemas

·      Iluminação de Dunas de Areia: A iluminação artificial em áreas de dunas de areia pode prejudicar a fauna local, incluindo corujas que utilizam essas áreas para procriação. A luz artificial pode desorientar esses animais e afetar seus hábitos naturais.

·      Reprodução de Mosquitos: A iluminação artificial pode atrair mosquitos e outros insetos, aumentando sua reprodução e potencialmente contribuindo para a propagação de doenças. A luz pode alterar o comportamento dos mosquitos, tornando-os mais ativos durante a noite.

Considerações Adicionais

·      Impacto Ambiental: A iluminação artificial pode causar foto poluição, afetando não apenas a fauna local, mas também a flora e os ciclos naturais dos ecossistemas.

·      Soluções Alternativas: Pesquisadores estão desenvolvendo LEDs que emitem menos luz azul e são mais adequados para uso noturno, minimizando os impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente.

 

1.     PLANTAS E POLINIZADORES NOTURNOS

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode impactar significativamente a flora e os ciclos naturais dos ecossistemas. A luz azul emitida por LEDs pode interferir nos processos biológicos das plantas, como a fotossíntese, a germinação de sementes e os ciclos de crescimento.

Plantas dependem de sinais naturais de luz e escuridão para regular seus ritmos circadianos e sazonais. A exposição prolongada à luz artificial pode alterar esses ciclos, resultando em mudanças no tempo de floração, crescimento desordenado e até mesmo redução na produção de frutos e sementes. Isso pode ter efeitos em cascata nos ecossistemas, afetando as espécies que dependem dessas plantas para alimentação e abrigo.

Além disso, a poluição luminosa pode prejudicar a interação entre plantas e polinizadores noturnos, como mariposas, que são atraídos pela luz artificial e acabam se afastando das plantas que deveriam polinizar. Isso pode levar a uma redução na biodiversidade e a desequilíbrios ecológicos.

2.     ORGANISMOS IMPACTADOS PELA ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL

 

·      Tartarugas-marinhas e tartarugas fluviais (cágados)

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode ter impactos profundos em tartarugas-marinhas e tartarugas fluviais (cágados), especialmente no que diz respeito à reprodução. A luz azul emitida por LEDs interfere nos ciclos naturais de luz e escuridão, essenciais para o comportamento e os processos reprodutivos desses animais.

Tartarugas-marinhas: A poluição luminosa nas praias de desova pode desorientar as fêmeas, dificultando a escolha de locais adequados para depositar os ovos. Além disso, os filhotes, que dependem da luz natural para se orientar em direção ao mar, podem ser atraídos por luzes artificiais, aumentando sua vulnerabilidade a predadores e reduzindo suas chances de sobrevivência.

Tartarugas fluviais (cágados): A luz artificial pode alterar os padrões de atividade noturna, impactando a busca por parceiros e a escolha de locais seguros para a postura de ovos. Isso pode levar a uma redução no sucesso reprodutivo e até mesmo a mudanças nos comportamentos naturais.





·      Corujas

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode ter impactos significativos em corujas e outros animais noturnos. A luz azul emitida por LEDs é particularmente problemática, pois interfere nos ciclos naturais de luz e escuridão, essenciais para o comportamento e a reprodução desses animais

Corujas dependem da escuridão para caçar e se comunicar. A poluição luminosa pode reduzir a disponibilidade de áreas de caça e fragmentar habitats, dificultando a busca por alimento e parceiros reprodutivos. Além disso, a exposição prolongada à luz artificial pode alterar os ritmos circadianos, afetando os ciclos hormonais e, consequentemente, a reprodução.

·      Tucu-tuco

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode impactar os tucu-tucos (roedores subterrâneos) de maneira significativa, especialmente devido à emissão de luz azul. Esses animais têm hábitos noturnos e dependem de ciclos naturais de luz e escuridão para regular seus ritmos circadianos e comportamentos reprodutivos.

A exposição à luz artificial pode desorientar os tucu-tucos, interferindo em sua busca por alimento e parceiros, além de alterar seus ciclos hormonais. Isso pode levar a uma redução na taxa de reprodução e até mesmo afetar a sobrevivência da espécie em áreas com alta poluição luminosa.

·      Lagartixas

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode impactar significativamente as lagartixas, especialmente devido à emissão de luz azul. Esses répteis são sensíveis às mudanças nos ciclos naturais de luz e escuridão, que regulam comportamentos essenciais como alimentação, reprodução e descanso.

A exposição prolongada à luz artificial pode desorientar as lagartixas, alterando seus padrões de atividade noturna. Isso pode dificultar a busca por parceiros reprodutivos e afetar os ciclos hormonais, reduzindo as taxas de reprodução. Além disso, a luz artificial pode atrair insetos, que são presas das lagartixas, para áreas iluminadas, alterando a dinâmica de predação e forçando-as a se adaptar a novos padrões de caça.

·      Caranguejos

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode impactar significativamente os caranguejos, especialmente em áreas costeiras onde eles desempenham papéis ecológicos cruciais. A luz azul emitida por LEDs pode desorientar os caranguejos durante seus ciclos de reprodução, que muitas vezes dependem de sinais naturais de luz e escuridão para migração e acasalamento.

Por exemplo, caranguejos que se deslocam para a costa para desovar podem ser atraídos ou desorientados por luzes artificiais, o que pode aumentar sua vulnerabilidade a predadores e reduzir o sucesso reprodutivo. Além disso, a poluição luminosa pode alterar os ritmos circadianos desses animais, afetando seus comportamentos naturais e ciclos hormonais.

·      Botos

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode impactar os botos de maneira significativa, especialmente em áreas costeiras e fluviais onde eles habitam. A luz azul emitida por LEDs pode interferir nos ciclos naturais de luz e escuridão, essenciais para a navegação, alimentação e reprodução desses cetáceos.

Os botos dependem de sinais naturais, como a luz da lua e das estrelas, para se orientar e realizar atividades noturnas. A poluição luminosa pode desorientá-los, dificultando a busca por parceiros reprodutivos e alterando seus comportamentos naturais. Além disso, a exposição prolongada à luz artificial pode afetar os ritmos circadianos, impactando os ciclos hormonais e, consequentemente, a reprodução.

·      Peixes como tainhas, bagre, corvina e linguado

A iluminação artificial, incluindo as luminárias de LED, pode impactar significativamente peixes como tainhas, bagres, corvinas e linguados, especialmente em áreas costeiras e estuarinas. A luz azul emitida por LEDs pode interferir nos ciclos naturais de luz e escuridão, essenciais para a navegação, alimentação e reprodução desses peixes.

A poluição luminosa pode desorientar os peixes, dificultando sua migração para áreas de desova e alterando seus comportamentos naturais. Além disso, a exposição prolongada à luz artificial pode afetar os ritmos circadianos, impactando os ciclos hormonais e reduzindo o sucesso reprodutivo. Estudos também sugerem que a luz azul pode causar estresse e até mesmo doenças nos peixes, com efeitos que podem ser transmitidos às gerações futuras.

·      Mulheres e homens

A exposição à luz azul emitida por luminárias de LED pode ter impactos em seres humanos, incluindo mulheres e homens, especialmente no que diz respeito à saúde e reprodução. A luz azul pode interferir nos ritmos circadianos, que regulam o ciclo sono-vigília e estão intimamente ligados à produção hormonal.

Em mulheres, a interrupção dos ritmos circadianos pode afetar a produção de hormônios reprodutivos, como o estrogênio e a progesterona, potencialmente impactando a fertilidade e os ciclos menstruais. Em homens, a exposição prolongada à luz azul pode reduzir a produção de melatonina, um hormônio que também influencia a qualidade do sono e a saúde reprodutiva, incluindo a produção de espermatozoides.

Além disso, a exposição excessiva à luz azul durante a noite pode aumentar os níveis de estresse e afetar a saúde geral, o que, indiretamente, pode influenciar a reprodução. Para mitigar esses impactos, recomenda-se limitar a exposição à luz azul à noite, usar filtros de luz azul em dispositivos e optar por iluminação com temperaturas de cor mais quentes em ambientes domésticos.

3.     INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE A LUZ DE LED

·      A Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classifica a exposição à luz artificial durante a noite, especialmente em contextos como trabalho noturno, como "provavelmente carcinogênica para humanos" (Grupo 2A). Essa classificação está relacionada à interrupção dos ritmos circadianos e à redução da produção de melatonina, que pode aumentar o risco de desenvolvimento de certos tipos de câncer, como o de mama e próstata.

·      Há estudos que analisam a progressão de agentes classificados como "provavelmente cancerígenos" (Grupo 2A) para "efetivamente cancerígenos" (Grupo 1) pela IARC. Esses estudos frequentemente avaliam a força das evidências científicas, incluindo dados epidemiológicos, experimentais e mecanismos biológicos, para reclassificar agentes.

Por exemplo, um estudo recente destacou que, entre os 120 agentes classificados como definitivamente cancerígenos (Grupo 1), muitos foram anteriormente considerados como "provavelmente cancerígenos". A reclassificação ocorre à medida que novas pesquisas fornecem evidências mais robustas sobre os riscos associados à exposição a esses agentes.

·      A iluminação pública, incluindo luminárias de LED instaladas nas estradas, desempenha um papel importante na segurança viária. Estudos mostram que uma boa iluminação pode reduzir significativamente os acidentes de trânsito, melhorando a visibilidade para motoristas e pedestres. No entanto é preciso mencionar que os faróis de led tambpem contribuem para a visibilidade, mas o impacto dass luminárias públicas é mais abrangente, pois afeta toda a extensão das vias.


·      Estudos relacionados indicam que a luz azul pode impactar os ritmos circadianos e a qualidade do sono, o que, indiretamente, pode afetar a atenção e o desempenho ao dirigir.

·      Informações sobre pesquisas que exploram os impactos da luz azul:

Saúde Ocular: Estudos destacam que a exposição prolongada à luz azul, especialmente de telas e lâmpadas LED, pode causar fadiga ocular, irritação e até mesmo aumentar o risco de degeneração macular relacionada à idade. A luz azul penetra profundamente na retina, o que pode levar a danos cumulativos ao longo do tempo.

Ciclos de Sono: A luz azul interfere na produção de melatonina, o hormônio que regula o sono. Isso pode afetar a qualidade do descanso, especialmente quando as pessoas são expostas à luz azul antes de dormir.

Segurança Viária: Embora não haja consenso absoluto, algumas pesquisas sugerem que a luz azul pode causar ofuscamento ou reduzir a visibilidade em certas condições, o que pode impactar a segurança de pedestres e motoristas. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar esses efeitos em contextos específicos.

·      National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) frequentemente realiza estudos e campanhas relacionadas à segurança viária, abordando temas como iluminação e visibilidade. A agência reconhece que a iluminação adequada é essencial para reduzir acidentes, especialmente à noite, e investiga como diferentes tecnologias, como LEDs, podem impactar a segurança nas estradas.

Por exemplo, a NHTSA analisa o papel da iluminação pública e dos faróis dos veículos na visibilidade de motoristas, pedestres e ciclistas. Além disso, a agência promove regulamentações e diretrizes para melhorar a segurança viária, como o uso de faróis adaptativos e sistemas de iluminação mais eficientes.

·      Pesquisas recentes têm explorado a relação entre a iluminação artificial, incluindo lâmpadas LED, e a incidência de dengue, especialmente no contexto de como a luz pode atrair mosquitos vetores, como o Aedes aegypti. Há estudos que sugerem que a iluminação artificial pode influenciar o comportamento dos mosquitos, aumentando sua atividade em áreas iluminadas e, potencialmente, a transmissão de doenças.

·      Conclusão final:

O artigo POLUIOLUMINOSAEARBOVIROSES-LUZRESPONSIVAAOBRILHODOCUNOTURNOE.pdf

Apresenta informações relevantes e detalhadas sobre a relação entre a poluição luminosa, especialmente a luz azul de lâmpadas LED, e o aumento de doenças transmitidas por vetores, como a dengue. Aqui estão alguns pontos importantes extraídos do documento:

Ø Aumento da Incidência de Dengue: O estudo afirma que a transição de lâmpadas de vapor de sódio âmbar para LEDs brancos intensificou a luz azul em áreas urbanas. Isso atrai vetores como o Aedes aegypti, contribuindo para o aumento de 15,8% nos casos de dengue em apenas um ano.

Ø Interferência na Biologia dos Mosquitos: A luz azul impacta os ritmos circadianos dos mosquitos, mantendo-os ativos durante a noite e aumentando a frequência de picadas. Essa alteração comportamental eleva os riscos de transmissão de arboviroses, como chikungunya e zika.

Ø Propostas de Mitigação: O artigo sugere estratégias como a redução do espectro azul nas lâmpadas LED, uso de filtros amarelos e vermelhos, e a implementação de iluminação direcionada e de baixa intensidade para minimizar os impactos sobre o comportamento de insetos vetores.

Ø Programa Procel Reluz

O Programa Procel Reluz e sua atuação em Imbé. De acordo com uma reportagem, o programa já substituiu mais de 1.400 lâmpadas de vapor de sódio por luminárias de LED na cidade. Essa iniciativa foi realizada com o objetivo de melhorar a eficiência energética, reduzir custos e proporcionar uma iluminação mais adequada para vias e espaços públicos. O projeto contou com um investimento significativo, incluindo recursos municipais e federais.

Ø O objetivo de melhorar a eficiência energética, reduzir custos e proporcionar uma iluminação mais adequada para vias e espaços públicos, em princípio é boa.

Mas a realidade é outra, veja INFORMAÇÕES RELEVANTES SOBRE A LUZ DE LED, peço que reponham o mais rápido possível as antigas lâmpadas tradicionais!

Ø  

 

 

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