EM DEFESA DAS CASUARINAS DE IMBÉ
Monika Naumann
Engenheira florestal graduada pela Universidade Federal de Santa Maria
Mestre em Gerenciamento Ambiental pelas universidades de Trier (Alemanha) e Torino (Itália).
Consultora em projetos internacionais de proteção da Amazônia e da Mata Atlântica, além de implementar projetos próprios de restauração florestal
Consultora da Associação Comunitária de Imbé-Braço Morto
O município de Imbé, localizado no estado do Rio Grande do Sul, está inserido na "Mata de Restinga", uma das formações do vasto bioma da Mata Atlântica, que se estende ao longo da costa brasileira. Essa vegetação é característica de solos arenosos formados pela deposição de sedimentos marinhos e desempenha um papel fundamental na preservação ambiental da região. No entanto, o avanço desordenado da urbanização tem impactado significativamente essa vegetação nativa, e Imbé não foge a essa realidade.
Existem dois principais tipos de restinga: a floresta de restinga, também conhecida como "restinga alta", e os campos de restinga. A distribuição dessas formações está diretamente relacionada à proximidade com a orla marítima e à exposição aos ventos. Entre as espécies características da "restinga alta", encontradas em áreas mais protegidas e afastadas da linha da costa, destacam-se a corticeira-do-banhado, a aroeira-vermelha, a pitangueira e a capororoca.
Nos últimos anos, tem-se observado a remoção sistemática de espécies consideradas "exóticas" pela administração pública local, sob a justificativa de combater plantas "invasoras". Um exemplo notável é a supressão da casuarina, que foi erradicada de locais como a margem do Rio Tramandaí e a Praça Lourdes Rodrigues, sem que houvesse o plantio de espécies nativas em substituição. Essa prática revela um problema estrutural, pois essas áreas apresentam condições adversas para o crescimento de vegetação arbórea, devido à incidência de ventos intensos e ao solo arenoso, o que dificulta o estabelecimento de espécies nativas.
A casuarina é uma espécie de distribuição global, encontrada atualmente em diversas regiões do mundo. Trata-se de uma planta pioneira, com a capacidade de "preparar" o ambiente para o desenvolvimento de espécies mais exigentes, como aquelas da "restinga alta". Esse processo ocorre por meio da formação de uma barreira física contra a ação do vento e pelo enriquecimento do solo. A casuarina é capaz de prosperar em ambientes extremamente hostis, como a Restinga de Massambaba, no Rio de Janeiro, onde o solo hipersalino inviabiliza o crescimento de árvores nativas.
Dentre os benefícios proporcionados pela casuarina na arborização urbana de regiões litorâneas inóspitas, como o litoral gaúcho, destacam-se a geração de sombra, a redução de enxurradas e alagamentos e a mitigação da erosão costeira. A remoção dessas árvores deveria ser realizada apenas se houvesse um plano bem estruturado de reposição com espécies nativas previamente estabelecidas, o que não tem ocorrido. A ação da administração pública tem se limitado ao corte das chamadas "espécies exóticas invasoras", sem a devida reposição vegetal, o que resulta em diversos impactos negativos, como o aumento das temperaturas, a exposição desprotegida aos ventos, o agravamento de enchentes e a degradação da paisagem urbana.
Diante da ausência de iniciativas concretas por parte da administração pública de Imbé para a arborização com espécies nativas, é essencial considerar a implantação de um programa amplo de arborização urbana com casuarinas. Tal medida contribuiria para tornar o município mais arborizado, proporcionando um ambiente mais agradável e esteticamente atraente tanto para os moradores quanto para os visitantes.
A revitalização ambiental e a sustentabilidade urbana devem ser pautas prioritárias, garantindo que qualquer intervenção paisagística seja realizada com planejamento e responsabilidade ecológica.
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Parabéns por está iniciativa.
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