DENÚNCIA PÚBLICA À COMUNIDADE DE IMBÉ/RS


Avenida Nilza Godoy, que em breve será duplicada.Há muitos prédios abandonados ou à venda. 


Por Athos Stern

Engenheiro civil, professor aposentado da UFRGS
Ex-presidente e consultor da Associação Comunitária de Imbé–Braço Morto

A Associação Comunitária de Imbé–Braço Morto tem, há muito tempo, denunciado a  forma como estão sendo conduzidas intervenções ambientais e obras de infraestrutura urbana no município de Imbé/RS. Trata-se de um alerta técnico e cidadão diante de decisões imprudentes que colocam em risco o meio ambiente, a segurança das comunidades locais e o futuro da cidade frente às mudanças climáticas.

Recentemente, foi constatada a remoção irregular de vegetação em Área de Preservação Permanente (APP), acompanhada da instalação de estruturas de drenagem sem a devida observância aos critérios técnicos, ambientais e legais. Valas naturais, que por décadas permitiram o escoamento das águas pluviais e a drenagem adequada da planície costeira, estão sendo substituídas por tubulações subterrâneas — de até 1 metro de diâmetro — instaladas abaixo do lençol freático, sem estudos hidrogeológicos, sem licenciamento ambiental e em desconsideração à realidade topográfica local, conforme estudo técnico disponível no link da associação: https://acimbe.blogspot.com/2025/03/nao-existe-um-projeto-de-macrodrenagem.html.

A substituição das valas por tubos compromete a funcionalidade do sistema de drenagem, aumenta os riscos de alagamentos, dificulta a manutenção e favorece o assoreamento. O problema se agrava ainda mais com a elevação acelerada do nível do mar, fenômeno já amplamente documentado por instituições científicas como o IPCC. Em 2024, por exemplo, o nível do mar subiu 0,59 cm em apenas um ano — um valor expressivo e alarmante. Este dado confirma que a crise climática não é mais uma possibilidade futura, mas sim uma realidade presente que exige respostas técnicas imediatas.

Ignorar a crise climática é uma imprudência técnica.
A continuidade dessas obras, sem considerar cotas altimétricas de segurança, margens de adaptação e soluções baseadas na natureza, comprometerá não apenas a eficácia das infraestruturas, mas também a habitabilidade de extensas áreas da cidade. Em pouco tempo, diversas dessas tubulações estarão permanentemente submersas, tornando inúteis os recursos públicos investidos e agravando os riscos à população.

OBRAS PREVISTAS PELA PREFEITURA DE IMBÉ QUE AINDA PODEM SER IMPEDIDAS:

1. Construção de duas pontes estaiadas sobre a barra artificial do canal de ligação entre a Laguna de Tramandaí e o Oceano Atlântico
Trata-se de uma intervenção de grande porte em uma zona costeira altamente vulnerável à elevação do nível do mar. Como demonstrado em estudo técnico disponível no link https://acimbe.blogspot.com/2025/06/a-historia-nao-perdoara-negligencia.html, tais obras ignoram os princípios básicos do planejamento resiliente. Infraestruturas públicas costeiras devem ser projetadas para resistir por décadas ou séculos, e não para se tornarem obsoletas devido à omissão diante de riscos amplamente conhecidos.

2. Duplicação da Avenida Nilza Costa Godoy



Obra de grande impacto prevista sobre uma área ambientalmente sensível. A Associação recomenda, com base em parecer técnico disponível no link https://acimbe.blogspot.com/2025/04/obras-que-desrespeitam-o-meio-ambiente.html, que se realizem estudos detalhados sobre a real necessidade e viabilidade dessa duplicação. Quando o poder público ignora as demandas populares e desrespeita a legislação ambiental, os impactos são duradouros e comprometedores para a sustentabilidade do território.

Associação Comunitária de Imbé–Braço Morto reafirma seu compromisso com a proteção ambiental, a justiça territorial e o direito das futuras gerações de viver em uma cidade segura, resiliente e ambientalmente equilibrada.

As obras públicas devem respeitar os limites ecológicos, os conhecimentos científicos atualizados e as vozes da comunidade. Persistir no caminho atual é comprometer o futuro de Imbé.

NÃO É TARDE PARA CORRIGIR O RUMO. MAS É URGENTE.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

OS PERIGOS DE UM PORTO EM ARROIO DO SAL

PROJETO DA CORSAN NO LIMITE DA ILEGALIDADE

UM PROJETO DE MACRODRENAGEM EXECUTADO POR AMADORES OU INEXISTENTE